Ainda sobre 2021... Esse ano que passou 50 anos em 5

sexta-feira, janeiro 14, 2022

A imagem mostra uma foto de um monte de bonecos de playmobil, todos empilhados um por cima do outro, alguns faltando cabelo, chapéu e acessórios
Me sinto como esses bonecos, jogados, descabelados, moídos numa pilha de gente e de pedaços. Quem diria que Playmobil pode ser poético?

Fiquei muito tempo pensando se fazia esse post. 2021 não foi um ano fácil, e parte de mim dizia que o timing para falar disso tinha passado. Eu não consegui escrever em dezembro, por diversos motivos, e escrever em janeiro — com toda aquela empolgação do "ano novo vida nova" — parecia sem sentido. Mas percebi que a vontade de escrever sobre isso permanecia, e quanto mais os dias passavam, mais sem sentido ficaria escrever sobre. Então resolvi escrever de uma vez.

Aqui no blog eu tinha uma tradição de fazer uma retrospectiva do ano que se passou. Não fui fiel à tradição e fiz todos os anos, mas fiz na maioria. Em 2021, como deu pra perceber, eu não fiz. Não deu. Como eu disse, não foi um ano fácil. Começamos com a pandemia no seu auge, tivemos acesso às vacinas e a maioria de nós já tomou pelo menos uma dose. Tivemos altos e baixos o ano todo e muitas perdas. Nesse finalzinho, a esperança de que as coisas estavam melhorando, que logo tudo acabaria, para então surgir uma nova variante, uma gripe, e mais um monte de coisas que nos tirou também essa certeza. Um ano extremamente cansativo, que, embora nos traga a sensação de ter passado rápido (eu sinto que pisquei em 2019 e cá estamos nós, três anos depois), ao mesmo tempo demorou demais a passar. Todos os dias pareciam imensos, e aconteceu tanta coisa, que eu tenho dificuldade de lembrar. Todas as retrospectivas que li, ao falarem do início de 2021, pareciam falar de algo que aconteceu há mais de dez anos. Como diz o meme, viver eventos históricos é muito cansativo.

Falando da minha vida pessoal, eu estabeleci algumas metas para 2021. Consegui cumprir a maioria, o que para mim foi motivo de orgulho. As que não cumpri, já imaginei mesmo que não conseguiria, e vida que segue. Não me culpei nem me cobrei por nada disso, afinal, fiz mais do que achei que conseguiria, dada as circunstâncias. Quero manter essa postura pro resto da vida, não só em tempos pandêmicos.

2021 também foi o ano que terminei o mestrado, sendo o ano mais pesado do curso, desde que comecei em 2019. Tive que realizar todas as entrevistas de forma virtual, sem nenhum contato direto com as pessoas. Consegui todos os contatos por telefone, redes sociais e whatsapp. Não foi nem um pouco fácil. Uma pessoa desconhecida ligando e pedindo para fazer uma entrevista, em vídeo, para ser gravada e usada em uma pesquisa. Eu mesma não toparia, mas encontrei pessoas maravilhosas que toparam. Tem hora que eu não acredito que deu certo. Só tenho a agradecer.

Além das entrevistas e de procurar contatos pela internet, teve todo o processo de escrita que também não foi fácil *risos*. Embora escreva coisas desde os 15 anos de idade, tive que aprender a aprender a escrever a dissertação. Percebi que tenho muita dificuldade com crase e algumas pontuações, e que meus parágrafos são longos demais. Esse texto é uma tentativa de romper com isso, mas verdade seja dita, estou dando enter logo depois de finalizar cada ideia, porque meu instinto ainda é escrever um parágrafo gigante. Claro que tudo isso me deixou bloqueada, e estou, aos poucos, tentando retomar o hábito de escrever de forma mais espontânea. Isso aqui não é — nem tem a pretensão de ser — um texto acadêmico. E que bom, ainda tenho meu espaço para ser livre na internet.

Sobre o blog (porque eu sempre acabo falando do blog), consegui cumprir minha meta inicial de postar todos os meses, ao menos um post por mês. Senti que faltou um pouco mais de resenhas, porque apesar de ter lido (também um livro por mês), não consegui falar muito dos livros que li. Pra mim as resenhas ainda são um pedaço da alma desse espaço, sem falar de livros e de literatura o blog não é a mesma coisa. Mas tudo bem, ainda dá tempo. Tenho planos de mudança para esse espaço e isso envolve uma mudança de nome, de novo. Já tinha pensado isso ano passado, mas com a correria da dissertação e todas aquelas coisas não consegui colocar em prática. Está tudo pronto, só preciso criar um pouco mais de coragem.

Para o ano que está iniciando, ainda não sei. Não consegui pensar em Metas para 2022 e talvez não elabore mesmo. Ainda está difícil digerir tudo que aconteceu. Alguém tem um conselho ou dica de como fazer isso? Eu gostaria muito de um ano sabático ou qualquer coisa do tipo, mas não tenho dinheiro pra um luxo como esse. Está difícil digerir tudo que aconteceu nos últimos anos e não sei se um dia vamos conseguir. Cada dia que passa temos mais e mais acontecimentos abrindo novas feridas enquanto as feridas passadas ainda não cicatrizaram. Eu me sinto velha e cansada, não velha no sentido da idade, mas de alguém que perdeu as esperanças e começou a ficar amarga e ranzinza. Não gosto nem um pouco da sensação, e talvez essa seja a única meta que vale a pena levar para 2022: tentar recuperar a esperança. Sem isso, não tem nenhuma meta que faça sentido levar pra frente, se é que é possível pensar alguma meta. Como é que vocês tem feito pra suportar tudo isso?

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1 comentários

  1. oi Mari! que dureza ler esse texto, mas é isso mesmo. você não tá sozinha por se sentir assim, acredito que muitos de nós que se importam estão um pouco ranzinzas e sem esperanças. acho que o que se pode fazer é nos armamos, sabe? o estrago foi grande demais, mas precisamos ficar fortes pra continuar. honrar aqueles que foram embora e olhar pelos que aqui ainda estão (isso inclui a gente). se cuidar. rever as coisas. o que é importante? nada parece fazer sentido, mas a gente faz assim mesmo, uma hora até pode fazer, né? assim como você postar esse texto fez um bem enorme pra mim. pensava que era (ainda) a única a se importar e agora desacredito com mais força. não é fácil, mas vai ficando tudo bem, na medida do possível.

    não tenho dicas milagrosas pra ter dar, mas acho que recorrer á coisas que te fazem bem, calma e mais perto de quem você ama, é o melhor a se fazer no momento. desejo paz pra tu em 2022!

    um abraço bem forte em tu.

    nicole :)
    estranho peixe

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