Pra onde vai todo esse lixo? Reflexões sobre o lixo que produzimos

sábado, setembro 25, 2021

a imagem mostra vários bonecos de playmobil  em um campo. No primeiro plano, um boneco com roupas laranjas e boné da mesma cor, empurra um carrinho verde, com o símbolo de reciclagem estampado nele. Ao fundo, vários bonecos da playmobil diferentes aparecem desfocados

Tenho pensado muito sobre lixo. Estranho falar isso né, pensar sobre lixo. Mas tenho pensado muito sobre lixo. O lixo que produzimos, que descartamos, pra onde o lixo vai, de onde vem, o que acontece com ele. Que tipo de lixo é esse, se o lixo é papel, se é plástico, lixo que é eletrônico, vidro, se é descartável ou não. Parece uma coisa meio boba né, porque a gente cresce ouvindo "jogue o lixo no lixo" mas eu, particularmente, nunca tinha parado pra pensar nisso. Ok, eu jogo o lixo no lixo, mas pra onde o lixo vai? Minha cidade não tem coleta seletiva, então todo o lixo vai pro aterro. E é nisso que eu tenho pensado. Se o lixo vai pro aterro, o que acontece com o lixo do aterro? Ele não vai desaparecer de lá. 

A maioria do lixo que a gente produz não desaparece — lixos que não se decompõe na natureza, lixos que se decompõe com centenas de anos, lixos que se decompõe destruindo o solo abaixo dele... Enfim, tenho pensando muito nesse lixo, e quanto mais penso nisso, mais me parece absurdo o modelo de vida que nós levamos. Se não tem mais espaço no aterro, onde a gente joga esse lixo? Na água? Não é preciso ser muito esperto pra entender que não vai dar muito certo. Uma hora não vai ter mais espaço pra lixo, uma hora o tanto de lixo que a gente produz vai começar a trazer problemas com ele, e a gente vai precisar lidar com isso, de uma forma ou de outra, não dá pra esconder a sujeira debaixo do tapete eternamente. 

Uma coisa que penso que pode acontecer é que países ricos vão jogar o lixo deles em países mais pobres. Algo me diz que isso já acontece. Mas até isso não vai dar muito certo, porque uma hora esses países vão estar lotados demais, com problemas demais por causa do lixo que vem de fora. Penso que vão tentar jogar o lixo no espaço, mas sinceramente, não me parece muito viável, o custo é muito alto — e esse lixo provavelmente vai voltar pra cá, de um jeito não muito legal. Então, bem, temos produzido muito lixo, o lixo que a gente produz fica por aí, e me preocupa que não sobre muito espaço pra outras coisas no futuro.

Ando pensando no que pode ser feito. Não vou ser ingênua e dizer pra evitarmos sacolas plásticas, usar canudo de metal e todas aquelas coisas que as pessoas normalmente sugerem quando o assunto é lixo. Sei bem que o problema é o sistema. O tal do sistema vai continuar produzindo, e produzindo, e produzindo, porque é assim que o sistema se mantém. Precisa produzir pra vender, precisa vender pra produzir, cria necessidade onde não tem, pra fazer girar a roda, infinitamente, interminavelmente, até que... Bem, uma hora as coisas precisam parar. 

Mas ainda assim, penso no que pode ser feito. Experimentei algumas alternativas, dessas que as pessoas sugerem quando falam em reduzir lixo, como o shampoo em barra. Vou ser honesta, odiei, não me adaptei e achei uma bela porcaria usar shampoo dessa forma. O negócio não faz espuma, eu não consigo espalhar, meu cabelo não fica limpo. Além do formato ser péssimo, só consigo comprar pela internet. Penso que, enquanto não existirem alternativas viáveis, que sejam populares, fáceis de usar e ser encontradas — foi justamente por isso que começamos a produzir descartáveis, em primeiro lugar, porque é fácil, prático e dá pra colocar em todo canto, em qualquer formato — as coisas não vão mudar muito. E novamente, entramos na questão do sistema, e novamente, ainda assim penso no que eu poderia fazer, individualmente. Sei que as coisas também precisam mudar de cima pra baixo, mas queria poder fazer algo de baixo pra cima. É difícil não se sentir, de certa forma, responsável. Até porque, vamos combinar, nós somos.

As coisas são muito maiores do que a gente pensa, e sinceramente, sei que não vou encontrar as respostas agora, e muito menos pretendo fazer isso nesse post. Sei, por exemplo, que do lixo que eu descarto — muitos deles ainda sem opções viáveis de serem substituídas para mim, — grande parte poderia ter um outro destino se a cidade tivesse coleta seletiva. Mas não tem, e eu fico de mãos atadas. Guardar o lixo em casa não é uma opção, visto que não vai mudar nada, e deixar de consumir, embora seja uma ótima solução em muitos casos, nem sempre é possível. Comprar opções sustentáveis também não é garantia, sem coleta seletiva e sem onde descartar, o lixo sustentável vai parar no mesmo local que o lixo comum: o aterro. São problemas complexos, que envolvem muito mais do que uma pessoa sozinha, pensando no seu próprio lixo. 

Ainda não sei qual a solução. Não sei qual meu papel no meio disso tudo. Ando pensando em todo esse lixo: isso pode ser descartado, doado, reutilizado ou — melhor — pode nem ser consumido em primeiro lugar? Como isso pode ser mudado? Que destino melhor esse lixo poderia ter? Venho pensando muito nisso e, como falei, ainda não tenho respostas. Mas penso que, talvez, a partir do momento que a gente comece a pensar, a partir do momento que começamos a entender o problema e buscar alternativas, nós podemos encontrar alguma solução. Eu ainda não tenho essas soluções, mas espero que a gente consiga encontrar juntes uma solução para todo esse lixo. 

Sites e perfis que me fizeram refletir muito,  pra seguir:


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3 comentários

  1. Se não me engano, na Coreia eles reutilizar a maioria do próprio lixo. No Japão, acho (é um país asiático), eles usam o lixo para gerar energia. Talvez outros lugares, façam algo com esse lixo. Menos nós, também fico pensando nesse projeto.

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  2. Engraçado porque eu também penso muito sobre lixo. E é engraçado mesmo isso: como assim pensar sobre lixo? Mas na verdade quando pensamos sobre lixo, pensamos sobre a vida, né? No fim das contas, tudo que queremos é ter uma vida digna, não somente para nós mas também para as futuras gerações. Enfim.

    Infelizmente, a mudança tem mesmo que vir de cima para baixo, e não de baixo para cima. Mas não é como se o de baixo não pudesse pressionar o de cima, né? Não existe na tua cidade algum equipamento no qual se possa discutir as possibilidades da prefeitura e demais órgãos competentes providenciar uma coleta seletiva ou até mesmo discutir possibilidades do que fazer com o lixo parado no aterro? Assim como a Lena comentou ali em cima, tem lixo que dá pra ser usado pra gerar energia, sabe, e deixar tudo num aterro é um desperdício mesmo.

    Claro que o jeito mesmo seria acabar com o capitalismo tardio, mas a ideia aqui é tentar fazer por onde dá mesmo, não apenas dentro do que podemos fazer individualmente para diminuir a produção de lixo, mas também cobrando das autoridades ou até mesmo fazendo um trabalho organizado com a comunidade, por que não?

    Beijinhos!
    Wu Ye

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  3. Oi Marina, tudo bem?

    É engraçado que toda vez que ouço falar em lixo penso nas pessoas dizendo para jogar o lixo fora. Fora aonde? Não jogamos lixo fora, jogamos dentro do planeta que a gente vive. E é como você falou, os países mais ricos até podem usar os mais pobres como destino para o seu lixo, mas uma hora vai faltar espaço e o manejo inadequado traz consequências que não respeitam fronteiras geográficas, então se não mudar o sistema como as coisas são produzidas e descartadas, realmente não vejo solução tão cedo.

    Aqui até tem coleta seletiva, mas apenas em ruas/bairros selecionados! A desculpa é que as pessoas não separam o lixo para o serviço então eles não oferecem. Mas se eu não sei que tem coleta seletiva, como vou adivinhar que é pra separar o lixo! Falta campanha para ter mais adesão.

    Realmente há também uma carência de opções realmente práticas e uma culpabilização do cidadão comum enquanto grandes produtores de materiais que acabam em aterros sanitários seguem produzindo sem se importar onde isso tudo vai parar depois de usado.

    Até mais;
    http://universo-invisivel.blogspot.com/

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