Título: Sem Limites

 Autora: Jas Silva

 Ano: 2015

 Editora: Publicação Independente

 Páginas: 454

Estava passando pela minha biblioteca do Kindle, procurando algo pra me distrair, e encontrei esse livro que baixei em uma época que ficou de graça na Amazon. Comecei minha leitura por volta de 18h da tarde e fui parar de ler por volta de... 2 da manhã! Faltavam dois capítulos para terminar o livro, mas eu já estava caindo de sono e deixei para terminar no outro dia.

Sem Limites conta a história de Bianca, uma garota completamente inconsequente e irresponsável, que muda de cidade após se envolver em um acidente de carro. O contexto do acidente? Bianca estava traindo seu namorado com o namorado de sua melhor amiga, e após ser descoberta, ela e seu namorado brigam dentro do carro, causando um acidente, em que o namorado morre. Após isso, a mãe de Bianca, que não está nem aí para ela e é completamente negligente, dá a guarda de Bianca para o pai, que despreza a filha e faz questão de mostrar que ela não é bem vinda. Na casa de seu pai, Bianca conhece Eric, o enteado. Eric é o oposto de tudo que Bianca é, e bom, como livro é livro, eles sentem uma conexão inexplicável um com o outro, mesmo não se entendendo a princípio.

Estou tentando retomar o hábito de escrever. Pode ser que meus posts fiquem esquisitos, um pouco desconexos, com ar de quem perdeu o fio da meada e não conseguiu finalizar o raciocínio, por isso peço paciência. Tem tanto tempo que não escrevo por prazer, simplesmente porque quero escrever, sem me preocupar com a formatação e as palavras, que fiquei um pouco enferrujada. É engraçado porque eu ando escrevendo bastante. Acontece que eu ando escrevendo de forma acadêmica, e a acadêmica tem uma forma muito diferente de escrever. Qualquer texto que não esteja em Arial 12, espaçamento 1,5 linhas e sem nenhuma palavra em primeira pessoa me causa certo estranhamento.  Falando assim parece que eu sou uma intelectual ou alguma coisa chique nesse sentido, mas é justamente o contrário. Não consigo ter nenhuma liberdade com a escrita acadêmica, nem nenhum prazer em escrever, como tenho aqui, e é por isso que estou sempre tentando continuar com esses posts, pura teimosia.

Enquanto escrevo isso, duas coisas passam pela minha cabeça, primeiro, meu tom de voz está diferente, e estou estranhando a forma como o texto está saindo (talvez seja a falta de prática, não sei), segundo, uma vozinha bem no fundo me diz que é perda de tempo escrever coisas como essa, com tantas coisas "importantes" pra escrever. Estou tentando dizer a essa vozinha que escrita não é algo que se gasta, feito uma sola de sapato, e que eu posso escrever coisas "importantes" E ainda escrever isso. Aliás, de uns tempos pra cá, passei a detestar essa expressão "perda de tempo". Também não me agrada nem um pouco a ideia de "coisas úteis" e "coisas importantes". Repare que "perda de tempo" é sempre usado para aquilo que se gosta, enquanto que essas mesmas coisas nunca recebem o rótulo de "útil" ou "importante". Útil e importante, é claro, são aquelas coisas que fazem a máquina continuar girando, gerar lucro, movimentar o capital... 

Sinto um misto de vergonha e culpa por continuar insistindo nessas coisas. Livros de literatura, blogs não monetizados, posts sem nenhuma lição de vida por trás. Já te perguntaram porque você escreve um blog, porque pulica coisas no Instagram ou porque lê os livros que lê? Vivo tendo que justificar (às vezes até para mim mesma) que é ok fazer as coisas só por gostar, ainda que não me dê nenhum retorno financeiro nem contribua para o nirvana de cada um. Eu detesto sentir esse tipo de coisa, mas eu sinto. Faz parte ser influenciado negativamente pelo ambiente, ainda que eu continue indo contra essa influência todos os dias. Por sorte, continuo encontrando pessoas que também insistem em insistir em fazer as coisas "só" por gostar. É bom não estar sozinha nessa.

Ó, tá chegando o final do post. Não achei que conseguiria, sinceramente. Acho que mais alguns eu consigo retomar o ritmo de novo. Espero que consiga reduzir um pouco também, porque parece que ninguém mais escreve texto desse tamanho. É hora do call to action né, então vou arriscar um aqui, só pra não deixar sem finalizar: você também se sente pressionada/o a fazer coisas "úteis"? Como lidar com essa pressão na sua vida? 

Tenho uma publicação em rascunho sobre 2018, que comecei a escrever nos primeiros meses de 2019, e hoje percebi que não cheguei a terminar. Eu pretendia terminar, mas de alguma forma, não deu tempo. Eu não sei o que aconteceu, mas 2019 passou muito rápido. Mal consigo assimilar a ideia que 2019 já é "ano passado". Eu não vou dizer que foi o ano mais difícil da minha vida, ou um deles, porque, sinceramente, todos são. Mas as coisas tem melhorado aos poucos, e eu sinto que um dos motivos que fizeram com que eu percebesse um 2019 na velocidade da luz foi porque o ano fluiu. Eu não fiz praticamente nada do que eu queria, incluindo leituras, escrita (foram 6 posts no blog, o menor número em todos esse anos), filmes e projetos novos, mas também não fiquei presa em uma bolha de sofrimento, depressão e desânimo, e isso tornou as coisas mais fáceis. É mais fácil caminhar com cargas menos pesadas nos ombros.

Como eu mal percebi 2019 passar, não tive muito tempo para entrar em clima de fim de ano — e de ano novo. Montei árvore de Natal na véspera do Natal, quase às 11 da noite, e foi então que começou a cair a ficha. Apesar disso, estou tentando aproveitar o clima de calendário novo para me movimentar. Não quero criar expectativas pra 2020, sempre me frustro, não consigo realizar nada do que planejei e isso detona meu humor quando percebo que não vai dar mais tempo de fazer o que me propus. Ao invés disso, quero apenas manter o que já conquistei e me perdoar por aquilo que não conseguir fazer. Sei que não vou ficar parada, mas não quero me cobrar fazer coisas que nem sei se realmente estou interessada em fazer. Não estou falando de trabalho, obviamente, mas de projetos pessoais que são importantes pra mim, mas que acabam se tornando um peso quando não saem como eu gostaria, como esse blog, por exemplo.

De qualquer forma, mesmo tentando não criar expectativas, não consigo deixar de me entregar ao clichê das 365 novas oportunidades, no caso de 2020, 366. Um novo ano está chegando e com ele a esperança de dias melhores, a possibilidade de leituras incríveis, séries maravilhosas, projetos artísticos fabulosos, além de é claro, momentos inesquecíveis e encontros verdadeiros (isso porque eu falei que não ia criar expectativas). Acima de tudo, a possibilidade de ser um ano de crescimento individual e social. Eu ainda tenho esperanças né, e espero que se concretizem. Feliz ano novo!