Meus 4 melhores livros de 2020
quarta-feira, dezembro 30, 20202020 está chegando ao fim, e nada melhor que uma listinha de leituras pra encerrar o ciclo de 2020 e abençoar o próximo que está começando. Como eu disse, esse ano eu não vou fazer retrospectiva muito elaborada. Por isso resolvi fazer, nos moldes antigos, uma retrospectiva literária, como costumava ser feita nos primeiros anos de blog. Aliás, se você quiser saber um pouco da história desse blog, eu contei nesse post aqui um pouco dos nossos 8 anos de história. Vai lá conferir e depois me conta!
Sobre as leituras de 2020
Em 2020 eu li 14 livros. Bati minha meta pessoal de ler 12 livros (um por mês), e também cumpri o desafio do skoob. Um avanço, comparado aos dois anos anteriores que li menos de 10.
Eu sei que nunca vou recuperar o ritmo de leitura da minha adolescência (eu lia pelo menos 30 livros no ano, tendo lido 60 em 2013), mas quero conseguir manter um ritmo em que eu leia pelo menos 24 livros durante o ano, uma média de dois livros por mês. Não é questão de quantidade, mas de ter um ritmo de leitura legal para conseguir ler a quantidade de livros que gostaria de ler em vida, e ainda dar conta das leituras que eu preciso fazer em vida, principalmente por causa da minha formação. Enquanto eu não consigo os 24, estou feliz com minhas 14 leituras desse ano 💙
Retrospectiva Literária 2020: As 4 melhores leituras do ano
Essa lista não está necessariamente em ordem de importância. Algumas leituras são teóricas/acadêmicas, enquanto outras são ficção, e eu tenho dificuldade (nem acho que seja possível) colocar hierarquia entre esses dois tipos de leitura. Eu geralmente separo as duas categorias, mas como não li muitos livros de ficção e muitos livros teóricos, achei difícil selecionar quatro melhores para as duas categorias, principalmente porque teria que incluir livros que não gostei nessas listas. Desse modo, selecionei livros de ficção e não-ficção, pensando no quanto as leituras me acrescentaram esse ano. Vamos lá!
1- Não apresse o rio (ele corre sozinho) - Barry Stevens
Eu fiz uma resenha super elaborada desse livro, mas na hora de mandar pro skoob, ela não foi. Esse é um livro de não-ficção, e é diferente de tudo que eu conheço como livro na vida. Comprei ele de um sebo, mas já conhecia o título de outras épocas. O livro é uma espécie de diário, em que a autora conta suas experiências em uma comunidade de adeptos da Gestalt-Terapia.
Explicando brevemente para quem é leigo: a Gestalt-Terapia é uma abordagem da Psicologia, focada no indivíduo, no "aqui-e-agora" e na relação entre cliente-terapeuta. É também uma visão de mundo e quase um estilo de vida.
Ao mesmo tempo em que conta as atividades e rotina nessa comunidade, a autora escreve sobre o seu momento presente, o momento em que está escrevendo o livro (sim! ela narra a si mesma escrevendo), sobre os dias que passou em uma comunidade indígena, sobre contos e histórias que já escreveu, algumas reflexões que faz, acrescentando até mesmo rabiscos e recortes na narrativa. Como eu disse, é diferente de tudo que já li. O livro traz a sensação de você estar lendo o diário de alguém, mas sem ser tão íntimo, ao mesmo tempo em que a autora parece estar frente a frente com você, conversando e te convidando a pensar.
Em vários momentos precisei fazer uma pausa para respirar, olhar para frente e refletir um pouco. Às vezes me sentia mais leve, conectada comigo mesma, com a natureza e com a vida. Fotografei vários trechos e tive vontade de mostrar pra todo mundo. Foi uma leitura que valeu muito a pena, e eu queria muito que todos tivessem a oportunidade de ler e ter as mesmas sensações de paz e completude que tive quando li. Vale a pena demais.
2- Contra Tempo (Henri B. Neto)
Contra Tempo conta a história de Nicolas, um garoto despreocupado e tranquilo que está apaixonado por seu colega de república, Eduardo. Nicolas segue sua vida buscando evitar problemas, mesmo que isso signifique esconder dos outros quem ele é, incluindo os sentimentos que nutre por seu colega de casa. A vida de Nicolas segue normalmente até que um acontecimento misterioso o faz ter um eterno Déjà Vu, em que todos os dias Nicolas acorda em seu aniversário, repetindo o mesmo dia de novo.
Eu amei essa leitura. Leve, envolvente, com toques de ficção científica e fantasia, coisas que adoro. Li o livro todo de uma vez, ansiosa para ver o desfecho. Me envolvi com os personagens e fiquei feliz com a lealdade e o companheirismo dos amigos de Nicolas. Foi divertido ver como cada dia se desenrolaria, apesar de serem quase os mesmos, e desejei que tivessem mais capítulos, com outros dias e acontecimentos diferentes. Dias que se repetem é um tema até um pouco comum em séries e filmes, mas ainda assim é um tema que dá pra ser explorado e o Henri fez isso muito bem.
O único ponto que não me agradou nessa leitura foi um personagem que aparece como um bully, e que fica importunando Nicolas desde a época da escola. Sei que bullying é um assunto sério e acontece nas escolas, mas ver um bully no cenário de universidade, com um valentão e seu grupo de amigos que se dedicavam a provocar Nicolas, me trouxe uma sensação de estranheza, como se eu estivesse lendo uma história norte-americana, com líderes de torcida e casacos de time, e não brasileira.
Sei que acontece em nosso país, mas geralmente, em caso de adultos ou jovens adultos, pelo menos o que eu observo, é que os preconceitos se tornem mascarados, dissimulados, sob um roupagem falsa de "brincadeira" entre colegas e até mesmo sob a justificativa de que "são só piadas". Entendo que o livro foi escrito para um público jovem e por isso as relações e os conflitos são de adolescentes, mas não fez sentido para mim isso tudo acontecer dentro de uma universidade, em que a maioria das pessoas já são um pouco mais velhas, inclusive tendo vários adultos no meio. Ainda assim, isso não diminui o quanto Contra Tempo é um ótimo livro, com ótima representatividade, muito necessária em nosso meio literário, e que vale muito a pena a leitura, principalmente para quem gosta de ficção e fantasia.
3- Robopocalipse (Daniel H. Wilson)
Robopocalipse tem como pano de fundo a (muito explorada) revolução das máquinas. O dia em que os humanos criariam uma máquina que enfim teria capacidade de se rebelar e se tornar autônoma, subjugando os humanos. Apesar de seguir o arquétipo "criatura se volta contra o criador", Robopocalipse tem uma premissa diferente ao contar sobre a revolta das máquinas. Ele começa pelo final, no tempo em que a guerra contra humanos e robôs já chegou ao fim, e os humanos saíram vitoriosos. A partir de então, a narrativa vai recuperando fragmentos da história, em que cada capítulo narra um acontecimento que se deu no tempo em que as máquinas começaram a se tornar autônomas, até o início e posterior fim da guerra.
O formato de Robopocalipse faz com que o livro se pareça muito com uma série, em que os capítulos fazem parte de uma linha temporal, sem necessariamente dar continuidade ao anterior, sendo unidos pelo fio narrativo do protagonista e sobrevivente, que encontrou algumas fitas de gravação das máquinas, ao derrotar a última máquina existente, e líder de todas as outras. São essas fitas que contam a história desde o princípio, em várias partes do mundo, ao mesmo tempo que compunham um estudo das máquinas sobre os seres humanos.
Foi uma leitura muito prazerosa, principalmente por mostrar várias facetas da guerra, não focando apenas em um país ou comunidade, mas mostrando tudo em um contexto global. Assim, temos capítulos que se passam no Japão, nas Américas, em grandes cidades, em zonas rurais, em comunidades indígenas, nas zonas de guerra... Enfim, o livro mostra como a rebelião das máquinas atingiu todas as pessoas, devido aos efeitos de futuro distópico cada vez mais globalizado e conectado, em que tudo, até mesmo brinquedos, máquinas de sorvete e casas são robôs e tem acesso a internet.
Apesar de se tratar de um livro sobre revolução das máquinas, o livro não explora muito o início da guerra, ou a reação das pessoas e dos governos quando as máquinas "despertaram" e começaram a agir por conta própria. O livro também não explora muito como era o mundo antes desse despertar, então não dá pra definir o quanto o mundo estava automatizado antes disso acontecer. São poucos os capítulos que trazem esse cenário, e quando trazem, o foco está nas personagens que aparecem e nas suas ações, sem uma preocupação muito grande em descrever o contexto geral dos acontecimentos. Ainda assim é uma leitura envolvente e, apesar do tema parecer clichê, o autor soube explorar de forma que não ficasse repetitivo. Li bem rapidinho porque não conseguia largar, foi uma ótima leitura.
4- A vida não é útil (Ailton Krenak)
Eu selecionei somente esse livro do Krenak para essa publicação, mas a verdade é que eu queria ter escolhido todos os três (A vida não é útil, Ideias para adiar o fim do mundo, O amanhã não está a venda), mas ficaria muito repetitivo. A verdade é que esse livro já traz, de certa forma, um pouco do que está nos outros três. Conheci o autor por causa de "ideias para adiar o fim do mundo", que eu achei de fato que era um livro de ideias (risos), mas fiquei feliz com meu engano. Porque é um livro que traz várias reflexões, e caiu como uma benção nos tempos que estamos vivendo.
O autor traz, com uma linguagem muito simples, quase como se estivesse na nossa frente, uma reflexão sobre como o nosso mundo está funcionando atualmente, e de como nosso sistema está nos afastando da natureza, dos rios, dos lagos, da diversidade que existe no nosso mundo, e como estamos nos autodestruindo por causa disso. Ao mesmo tempo em que aponta para esse cenário, algo que já estamos até mesmo um pouco cansados de ouvir, Krenak nos mostra que há sempre outros caminhos possíveis, que nossos modos de vida podem ser reinventados e que é possível viver de outra forma. Foram leituras que me encheram de esperança em dias melhores, e que nós precisamos lutar por isso. Estou mencionando apenas um, mas todos os três valem a pena e devem ser lidos por todas as pessoas.
Essas foram minhas melhores leituras de 2020. E você, leu alguma coisa esse ano? Quais foram suas leituras favoritas de 2020?
9 comentários
Oi, Marina! Que bom que esteja feliz, e que neste ano você consiga desfrutar muito mais dessa felicidade. Eu não li nenhum destes que foram as melhores leituras pars você no ano que se findou. Parece-me leituras excelentes, com temas importantes a serem mostrados para o leitor. Adorei o post. Abraço!
ResponderExcluirOi, Mari!
ResponderExcluirEu não li nenhum desses livros, mas eu não perco nada que o Ailton Krenak faz no youtube. Entrevistas, vídeos, tudo. Eu acho que ele é muito inspirador! :)
Espero que as pessoas aprendam com ele e que a gente possa, enquanto sociedade, olhar para o planeta com amor.
Um beijo e feliz 2021,
Fernanda Rodrigues | contato@algumasobservacoes.com
Algumas Observações
Projeto Escrita Criativa
Olá Mari!
ResponderExcluirMinha meta de leitura do ano passado, infelizmente, não foi batida. Me programei para ler 10, mas nem sei se consegui completar 5 leituras, triste. Gostei da sua ideia de ler um livro por mês, vou tentar adotar! Quando era adolescente, antes de vestibular, faculdade e essas coisas, também lia mais, uma pena que perdemos esse hábito. Espero que esse ano você possa novamente cumprir sua meta literária ♥
Fiquei interessada nesse primeiro livro, tanto por ser cotidiano e eu gostar desse formato em vídeos, quanto por essa forma de terapia. Me chamou atenção porque eu tenho tentado focar no aqui e agora, como uma forma de suporte para não desistir. Vou procurar <3
Pelas suas indicações, você parece gostar bastante de ficção científica e de histórias de teor mais psicológico, não é? Vou gostar muito de ter suas indicações no meu feed de leitura.
Foi um prazer conhecer o seu cantinho!
Fiquei interessadíssima pelo Não apresse o rio (ele corre sozinho)! Amo Gestalt-terapia, pretendo seguir essa abordagem quando me formar, tô lendo alguns livros do Perls e cada dia me apaixono mais, HAHA.
ResponderExcluirBullying na universidade é meio americano mesmo. No Brasil tem bastante briga de ego, mas bullying é meio difícil, no máximo acontecem aqueles trotes absurdos que acabam virando crime, mas não chega a ser bullying. Pelo menos nas duas universidades que estudei, não vi nenhum caso assim.
Tão bom quando a leitura flui e você simplesmente não larga o livro, né? Comigo é muito difícil isso acontecer, porque eu tenho muita dificuldade em manter a atenção concentrada, então tenho bastante dificuldade pra ler livros inteiros. Geralmente leio capítulos apenas, e depois de meses leio outros capítulos, e assim vai. É triste. LKSMDAKAS
Também fiquei super interessada pelo A Vida Não É Útil. Eu vivo triste quando faço compras no supermercado, especialmente as frutas e verduras, porque poxa... Cresce na terra sabe, e a gente que mora em cidade grande não vê nada da produção. Eu acho tão triste isso. Meu sonho um dia ter uma hortinha, plantar umas batatinhas, uns tomatinhos, uns temperinhos, sabe, vivenciar a comida desde o começo. Acho isso tão mágico, e é uma magia que foi completamente tirada de nós na sociedade em que vivemos. :(
Beijinhos e feliz 2021!
Oi Mari querida, olha... particularmente não gosto de livros de ficção, mas amo livros de romance e aventuras, na verdade creio que os únicos que não gosto são de ficção, achei interessante a sua meta garota, eu gostaria muito, porém a vida é bem corrida aqui haha. Eu amava lê na época do colégio também. Beijos
ResponderExcluirwww.mulhernovaera.com.br
Oi Marina!
ResponderExcluirMenina, eu mal consegui bater a minha própria meta literária pra 2020, que eram míseros 3 livros, hahaha! Que vergonha. Que bom que você tem lido tanto!
Achei curiosa a sua retrospectiva porque todos os livros não teriam me atraído em uma livraria, mas lendo você falar deles eu fiquei curiosa com algumas histórias. Em especial, fiquei com vontade de ler Contra Tempo e Robopocalipse, que parecem o tipo de história que eu gosto mesmo de ler!
Respondendo seu comentário, olha, fazer a casa de biscoito não é tão difícil, viu? Problema é terque ficar esperando o glacê secar - e no fim eu fiquei cortando as partes sem glacê pra comer, pq achei que a combinação era doce demais, HUAHUAHSUAHSUAHUH! E sinto taaaaanto pelos suspiros! Se vale a dica, aqui em casa tínhamos a batedeira planetária e tínhamos preguiça de pegar pra fazer as receitas (é um trambolho, basicamente), daí compramos uma "comum", dessas que você desencaixa da base e vira batedeira de mão, por uns 50 dinheirinhos. Foi uma boa adição à nossa cozinha, pra receitas assim mais rápidas! Fica a dica caso você queira mais suspiros na sua vida XDDD
Beixos! :*
Hello Marina!
ResponderExcluirEu não sei se conta, até pq eu assisti mais series do que li ano passado. Mas ganhei livros de presente e li de novo GOT. Então acho que li mais do que nos outros anos hahaha
Mas falando dos seus livros, vou se sincera pq o unico qur me intetessou foi Robopocalipse. Prefiro sempre livros de fantasia, romance e ficção. Sim, estou errada de só focar nesses, pq existem muitos outros tipos de livro bons para se ler. Mas o que fazer quando só gosto desses T_T
Te respondendo sobre o comentário la no blog
Sim é lindo, mais se eu não por o pessoal pra andar aqui. Tudo fica nas minhas costas e no da minha mãe, familia grande é um caos só!
Mas no final a gente sempre se diverti.
Feliz 2021, para vc e sua família!
Bjinhos 😘
eu fiquei muito feliz por conseguir ter retomado meu hábito de leitura em 2020. Eu estava frequentanto sebos no começo, antes da pandemia, quando o isolamento começou, investi em um kindle e agora ngm me segura rsrs! nunca li nenhum dos que vc leu, mas já coloquei todos na minha lista pra este ano porque parecem ser bem interessantes.
ResponderExcluirabraços
Mulher Conectada
Boa tarde,
ResponderExcluirTudo bem?
Feliz ano novo! (Ainda vale né??) kkkkkkk
Sobre as leituras, gostei da lista, todos livros que não conhecia :O
Coloquei "Robopocalipse" na minha lista do Skoob :)
Beijos e se cuida
www.rimasdopreto.com
Leio tudo com carinho e respondo sempre que posso.
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