[Resenha] Perdão, Leonard Peacock - Matthew Quick
sexta-feira, março 25, 2016
Título: Perdão, Leonard Peacock
Autor: Matthew Quick
ISBN: 9788580573954
Editora: Intrínseca
Páginas: 224
Onde Comprar: Americanas; Submarino;
Alguns livros nos tocam de uma forma que nenhuma outra coisa é capaz de tocar. Como falar deles? Como falar que você ficou tão envolvida com a história que se sentiu triste por não poder falar com o protagonista? Porque tudo que eu queria durante minha leitura era abraçar o Leonard e dizer que ia ficar tudo bem. Juro que só queria isso. Me senti amiga dele e realmente gostaria de estar na história para abraçá-lo, gostaria de abraçar todo mundo que se sente como ele.
Autor: Matthew Quick
ISBN: 9788580573954
Editora: Intrínseca
Páginas: 224
Onde Comprar: Americanas; Submarino;
Sinopse: Hoje é o aniversário de Leonard Peacock. Também é o dia em que ele saiu de casa com uma arma na mochila. Porque é hoje que ele vai matar o ex-melhor amigo e depois se suicidar com a P-38 que foi do avô, a pistola do Reich. Mas antes ele quer encontrar e se despedir das quatro pessoas mais importantes de sua vida: Walt, o vizinho obcecado por filmes de Humphrey Bogart; Baback, que estuda na mesma escola que ele e é um virtuose do violino; Lauren, a garota cristã de quem ele gosta, e Herr Silverman, o professor que está agora ensinando à turma sobre o Holocausto. Encontro após encontro, conversando com cada uma dessas pessoas, o jovem ao poucos revela seus segredos, mas o relógio não para: até o fim do dia Leonard estará morto.
Alguns livros nos tocam de uma forma que nenhuma outra coisa é capaz de tocar. Como falar deles? Como falar que você ficou tão envolvida com a história que se sentiu triste por não poder falar com o protagonista? Porque tudo que eu queria durante minha leitura era abraçar o Leonard e dizer que ia ficar tudo bem. Juro que só queria isso. Me senti amiga dele e realmente gostaria de estar na história para abraçá-lo, gostaria de abraçar todo mundo que se sente como ele.
Leonard está em depressão. Isso fica evidente logo no início, porque já na sinopse a gente sabe que ele quer se matar. Vamos entendendo sua história e como ele chegou a esse ponto a medida que as coisas se desenrolam. Ele se sente sozinho e incompreendido, e parece que ninguém percebe o quanto ele está mal. Leonard assiste filmes antigos com seu vizinho Walt, e gosta das aulas sobre o Holocausto de seu professor Herr Silverman, e essas são as pessoas que mais se importam com ele — e é tudo o que ele tem, no momento. Seu melhor amigo já não é mais seu melhor amigo, e sua mãe é completamente alheia, ausente, focada demais no trabalho que exerce. Obviamente essas coisas afetam demais o Leonard, principalmente porque ele ainda é um adolescente e ser adolescente não é fácil. Melhor dizendo, ser humano não é fácil, não importa a época da vida em que você esteja.
A leitura de Perdão, Leonard Peacock veio no momento certo para mim. Tentei ler o livro há dois anos, mas abandonei pela metade, sem nenhum motivo. Hoje vejo que foi melhor assim. Ainda não era hora de ler esse livro maravilhoso. Não vou entrar em detalhes, mas o livro me fez lembrar de coisas importantes para mim, coisas que eu tinha esquecido ao longo do tempo. E só o fato de ter lembrado essas coisas já fez a leitura valer a pena. Valeu a pena também a identificação com o Leonard. Não só a parte em que ele se sentia diferente — acho que todo mundo se sente diferente — mas ler as palavras dele, foi como se eu estivesse lendo a mim mesma, anos atrás. Foi doloroso e difícil, até. Tive vontade de chorar várias vezes, e cheguei a adiar a leitura porque me senti angustiada demais para continuar. Me senti angustiada por pensar no quanto é difícil passar por uma depressão, e o quanto isso se torna pior quando você tenta passar por isso sozinho. Leonard está o tempo todo gritando silenciosamente por ajuda e torcendo para que alguém ouça o seu grito mudo, mas quando uma pessoa finalmente está disposta a ouvir esse grito, ele se cala e não consegue por pra fora o que está sentindo. Ler as palavras dele e ver o quanto estava sofrendo me deixou muito ansiosa. Na parte mais tensa do livro, fiz uma pausa, não consegui seguir adiante. Queria terminar a leitura mas tinha um medo terrível de seguir em frente. Fiquei enrolando para não ler, porque mesmo que seja ficção, foi uma ficção dolorosa de ler.
Mas valeu a pena ler Perdão, Leonard Peacock, mesmo sendo doloroso, deprimente e até pesado em algumas partes. A verdade é que, quando terminou, eu queria que continuasse. Queria saber mais do Leonard, momentos que viveu ou que ainda ia viver. Se ele passou ou não numa universidade, como foi a vida dele na escola. Quis saber tudo isso, porque gostei tanto do Leo que o vi como um amigo. O que me fez pensar no quanto ele se sentia sozinho e "esquisito" por ser diferente, e o quanto tudo isso era bobagem, porque ele é uma pessoa incrível e cheia de peculiaridades que só o tornam mais especial. Mesmo sendo um personagem, alguém fictício, pensei em outras pessoas como ele, tão incríveis que poderiam muito bem serem personagens de livros, com histórias interessantes e maravilhosas como essa... mas que elas mesmas não veem isso, porque acreditam não valerem a pena. Perceber essa realidade foi a parte mais dolorosa do livro, e eu espero que outros "Leonards" consigam ver em si mesmos o que eu vi no personagem: o quanto ele é especial e único, justamente por ser quem é, e que ele vai encontrar outras pessoas como ele, em algum lugar.
Perdão, Leonard Peacock tem pouquíssimas páginas. Li ele rapidinho, demorando só porque não estava aguentando a pressão e também porque não queria que acabasse. O tema pode assustar um pouquinho quem lê a sinopse, mas vale a pena a leitura, até mesmo para entender um pouco a realidade de quem está passando por uma situação assim. Aliás, se você tem pensamentos suicidas, vontade de dormir ou sumir para sempre, ou conhece alguém que está passando por isso, ligue para o Centro de Valorização da Vida, o número é 141, e eles estão disponíveis 24 horas por dia todos os dias, para quem quer conversar.
— Eu me sinto como se eu estivesse quebrado. Como se eu nunca mais pudesse me ajustar. Como se não houvesse mais lugar para mim no mundo ou algo assim. Como se eu tivesse ultrapassado o meu tempo de estadia aqui na Terra, e todo mundo estivesse constantemente tentando me dar dicas sobre isso. Como se eu devesse apenas ir embora. pág. 186
6 comentários
Você trocou o layout?
ResponderExcluirhahahahaha é que sempre acesso seu blog pelo cel e agora pelo navegador vi ele diferente <3 Está lindo!
Lembro que li esse livro em poucas horas. Comecei a ler em uma fila de espera e quando percebi já estava presa querendo saber o final. O personagem me cativou e a forma que a história é narrada tb <3
Acho que já tem mais de um ano que to com esse ahah' No celular é diferente mesmo, por causa daquela coisa que layout responsivo e tals.
ExcluirSó de ler a sinopse já fiquei com vontade de ler, e depois que li a resenha, percebi que seria um livro que me prenderia muito, mas que eu iria ficar muito ansiosa também, igual você. Espero poder ler em breve.
ResponderExcluirBeijos
camilatuan.com
Mas vale a pena Camila, a ansiedade passa, a lição que o livro te mostra não
ExcluirEu fiquei emocionada só de ler a resenha, imagine se tivesse lido o livro?
ResponderExcluirFiquei curiosa, embora esteja em uma fase da vida em que a sensibilidade está mais do que aflorada. Talvez, este não seja o momento...
A sua resenha ficou linda!
Beijos,
Fê
Algumas Observações
Prepara os lencinhos Fernanda!
ExcluirBom, você quem decide o momento de ler ou não algo (?), mas acho que com a sensibilidade aflorada você tiraria mais proveito da leitura.
Abs!
Leio tudo com carinho e respondo sempre que posso.
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