Alguns filmes que assisti recentemente
quarta-feira, julho 19, 2017Foto por Jill111 |
Pra quem leu o último post, sobre o celular, liguei ele um dia depois, exatamente como previ. Aproveitei a falta de espaço livre para desinstalar quase todas as redes sociais e alguns aplicativos que eu não usava. Ando bastante apática ultimamente, o que não é novidade, e um pouco ranzinza (o que também não é novidade), e por isso ando preferindo fazer atividades em que não preciso falar com ninguém e fico sozinha, como escrever, desenhar ou assistir filmes. Um dos filmes do post de hoje eu assisti durante o período letivo, mas deixei pra escrever sobre eles juntos. Não preciso lembrar que o que eu falo aqui é opinião pessoal, certo?
Fragmentado
Fragmentado conta a história de três garotas que são sequestradas por um homem chamado Kevin. Kevin é um homem que possui 23 personalidades distintas, que se alternam através do seu pensamento, cada personalidade tendo suas próprias características, crenças, valores, assim como nomes e modo de agir diferentes umas das outras.
A ideia do filme é interessante, e o que me motivou a ver foi a curiosidade em saber como as 23 personalidades seriam exploradas no roteiro. Fiquei decepcionada quando percebi que as 23 não iam aparecer, apesar de serem mencionadas, e que o foco seriam apenas algumas das várias personalidades do Kevin.
Não sei dizer até onde é possível alguém ter tantas personalidades diferentes, mas não parece que o filme foi pensado com a intenção de ser fiel a realidade. Na verdade, durante o filme todo senti que havia um toque de terror, e eu cheguei a pensar que fossem explicar suas várias personalidades como possessões demoníaca ou algo parecido. Me decepcionei completamente com a reviravolta e no final já estava conformada que o filme não me acrescentaria em nada e que não passava de entretenimento.
Não gostei e fiquei incomodada com a romantização que fizeram de pessoas que passaram por sofrimentos/traumas e as colocaram como melhores que pessoas que nunca passaram por isso, como se sofrer maus tratos, bullying ou algo parecido fosse algo aceitável, já que é assim que as pessoas "acordam" pra vida. Na perspectiva do filme, as várias personalidades do Kevin (que são resultado dos traumas que sofreu na infância) são passadas quase como um poder "sobrenatural", e não como uma forma que uma criança em intenso sofrimento encontrou para sobreviver num ambiente hostil. Não só isso, o filme praticamente justifica os abusos que a protagonista sofreu, quando mostra ela como uma pessoa mais inteligente, compreensiva e menos fútil que as outras meninas que tiveram infâncias saudáveis (nas palavras dos próprios personagens, "foram protegidas").
Fragmentado me causou um certo estranhamento enquanto assistia, principalmente em relação ao modo como as três meninas sequestradas agiam, e a forma como falavam do transtorno do Kevin. Parando para pensar, percebi que a ideia do filme não foi tão boa assim, e que era mesmo melhor ter ido ver o filme do Pelé. Retratar um transtorno mental como em Fragmentado não foi uma boa ideia.
Donnie Darko
Eu gostaria de tentar explicar do que se trata Donnie Darko, mas a verdade é que não sei se entendi. Donnie Darko é aquele tipo de filme que você assiste umas quinze vezes e ainda assim não tem certeza se conseguiu pegar todos os detalhes (como em "A Origem"). Meu tipo favorito de filme.
Donnie é um garoto que sofre de sonambulismo, e em uma noite, sai de casa e encontra um coelho gigante no jardim. O coelho se comunica com Donnie e lhe passa uma mensagem, e você, espectador, não sabe se o coelho é de fato real ou se Donnie está alucinando. Pra deixar a gente ainda mais confuso, Donnie tem histórico de transtornos mentais, porém, parte das mensagens que Donnie recebe do coelho são confirmadas por pessoas e fatos ao seu redor. Esse é o tipo de filme que você precisa mesmo assistir mais de uma vez, já buscando pistas que indiquem o que está de fato acontecendo, e é claro, discutir suas teorias com outras pessoas depois.
O filme me lembrou muito Meu Amigo Harvey, um filme de 1950, em que o protagonista, também um homem excêntrico, fala com um coelho gigante (o Harvey) que ninguém mais enxerga. Diferente de Donnie, o filme do Harvey é uma comédia, porém, a dúvida se o coelho é real ou não também acontece nos dois. A diferença entre os coelhos gigantes é que nós também não vemos o Harvey, o que é bom, já que a tecnologia da época não ia permitir alguma coisa boa. Os dois filmes valem a pena assistir :)
A chegada
Ouvi muitos elogios sobre esse filme, mas nenhum que me deixasse realmente interessada em assistir. Acabei vendo A chegada porque era o único filme disponível que eu já tinha ouvido falar, e eu não queria procurar saber do que os outros se tratavam na hora de escolher. Foi bom, porque eu acabei gostando do filme.
Alguns aliens esquisitos pousam com naves esquisitas na Terra, e uma linguista e um físico são chamados para tentar realizar alguma comunicação com eles. O problema é que os aliens, que não são ETzinhos verdes, mas uns tentáculos esquisitos, possuem uma linguagem completamente diferente da linguagem humana, não seguindo nem mesmo uma forma linear de passagem do tempo, como nós conhecemos. Falar mais que isso já é dar spoiler, então recomendo que assistam para tentar entender como a linguagem dos aliens funciona (eu assisti e, assim como Donnie Darko, não sei se realmente entendi).
A chegada é daqueles filmes de ficção que mexem com a forma como entendemos tempo e espaço, e são pensados já com o objetivo de deixar o espectador confuso. Como eu disse em Donnie Darko, é esse o tipo de filme que eu gosto. E já quero ver de novo. Lógico que o filme tem alguns pontos negativos. Primeiro, não consegui entender como criaturas mais avançadas que a humanidade chegariam na Terra sem aprender a língua humana primeiro, e segundo, teve o clichê Russia-China como vilões, EUA como os bonzinhos da história. O propósito dos alienígenas não me desceu, mas relevei isso por não considerar esse o foco do filme. Gostei mesmo foi da parte da linguagem.
Fiquei fascinada pelo processo de (teoricamente) ensinar uma linguagem humana a uma criatura não humana, e não parava de me perguntar se isso seria possível, caso realmente acontecesse uma invasão alienígena. Na verdade, eu queria ver mais de como descobriram o significado das "palavras" alienígenas, mas o filme adianta boa parte do processo. Me lembrou um texto que escrevi algumas semanas atrás aqui no blog, "comunicação é a mágica da humanidade". Se eu soubesse que o filme era sobre isso, tinha assistido antes.
4 comentários
Acabei de desligar o celular depois de ler o seu outro texto huahua. Estou escrevendo pelo computador, porém não há nenhuma rede social aberta, apenas os blogs que costumo ler e comentar.
ResponderExcluirEu gostei muito da atuação do James McAvoy, achei que entrou muito bem em todos os personagens. Mas o filme realmente peca nessas questões que você falou. Ele vai para um caminho mais ficcional e de suspense, ignorando a parte psicológica dos abusos e dos distúrbios mentais.
Donnie Darko é bom demais, há sempre uma coisa a mais em cada assistida. Um detalhe que se encaixa e mais perguntas.
Com amor,
♥ Bruna Morgan ♥
Gostei demais da atuação também, mas o filme podia ter sido mais sério, informativo... não sei. Tinha bastante potencial pra conscientizar as pessoas, mas não, os roteiristas preferiram viajar na maionese rsrsrs
ExcluirTive a mesma opinião que tu em Fragmentado, mas, só me toquei um pouco depois. O filme funciona muito bem como divertimento, os toques de terror, a falta de previsibilidade, mas, hmm, fugiu tanto do quanto poderia ser bom. Meio que o tema foi distorcido e mal abordado mesmo, podia ser tão bem melhor, ter o divertimento e as coisas boas que tem, abordando de uma forma bem mais realista e sendo assim, no final, bem mais rico.
ResponderExcluirEu gostei muito da atuação do protagonista, ainda assim.
Pois é, fiquei frustrada demais, já estava me imaginando indicando o livro pra alguns amigos que fazem Psicologia comigo. Não vai rolar
ExcluirLeio tudo com carinho e respondo sempre que posso.
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